Incêndio de 10 banheiros na Esplanada mobiliza PM e STF

Dez banheiros químicos foram incendiados no gramado da Esplanada dos Ministérios no fim da manhã desta terça-feira (9), levando o Corpo de Bombeiros do Distrito Federal a agir rapidamente para conter as chamas e a Polícia Militar a prender um suspeito que, segundo a corporação, foi conduzido à 5ª Delegacia de Polícia Civil para depoimento.
Testemunhas relataram que as chamas se espalharam em questão de minutos, produzindo uma fumaça densa e escura visível de vários pontos do centro de Brasília; a coluna de fuligem pôde ser vista inclusive a partir da Rodoviária do Plano Piloto, localizada a poucos metros do local onde os equipamentos sanitários estavam instalados.
De acordo com o Comando-Geral dos Bombeiros, o chamado foi registrado às 11h36, e as equipes chegaram em menos de cinco minutos, utilizando dois caminhões-tanque, extintores de espuma e linhas de mangueira de alta pressão para extinguir o fogo, evitando que se alastrasse para estruturas próximas ou para a vegetação que margeia a via S1 da Esplanada.
Enquanto os bombeiros concluíam o rescaldo, policiais militares que faziam o patrulhamento ostensivo na região detiveram um homem cuja identidade não foi revelada; ele foi levado à 5ª DP, no Setor Policial Sul, onde a Polícia Civil abriu inquérito para apurar autoria e participação de eventuais cúmplices, além de motivação e circunstâncias do crime.
Peritos criminais isolaram a área para coletar vestígios de combustível, fósforos ou qualquer outro artefato que possa indicar se o incêndio foi provocado por ação individual ou se teria articuladores externos; a investigação também analisará câmeras de segurança instaladas em prédios públicos e em postes da Esplanada, a fim de rastrear a trajetória do suspeito.
O episódio acendeu o sinal amarelo no esquema de vigilância do Supremo Tribunal Federal (STF), situado a cerca de 2 quilômetros do ponto do incêndio; agentes do Gabinete de Segurança Institucional reforçaram o controle de acesso ao prédio, especialmente porque, simultaneamente, a Primeira Turma da Corte retomava julgamento que envolve o ex-presidente Jair Bolsonaro e sete aliados em uma suposta trama golpista.
A sessão foi aberta pouco depois das 14h, com a leitura de relatórios pelo ministro Alexandre de Moraes; o colegiado reservou também as agendas de 10, 11 e 12 de setembro para concluir a votação que definirá a eventual condenação dos réus, acusados de tentar anular o resultado das eleições de 2022, segundo denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República.
No voto proferido nesta terça, o relator Alexandre de Moraes afirmou que a tentativa de golpe para manter Bolsonaro no Planalto “já se encontra fartamente demonstrada nos autos” e que a Corte deverá se concentrar em avaliar a participação individual de cada acusado; para o ministro, a preservação da ordem constitucional exige resposta firme a condutas que atentem contra o Estado Democrático de Direito.
Seguindo o rito regimental da Primeira Turma, o próximo a se manifestar é o ministro Flávio Dino, seguido por Luiz Fux e Cármen Lúcia; o último a votar será o presidente do colegiado, Cristiano Zanin, que também conduz os debates. Caso haja pedido de vista, o julgamento poderá ser suspenso, mas, até o momento, todos os ministros indicaram intenção de concluir a análise dentro das três sessões suplementares previstas.
A fase atual sucede às sustentações orais já apresentadas: as defesas do ex-presidente e dos demais réus alegaram ausência de provas e sustentaram que as manifestações de 8 de janeiro de 2023, apontadas como parte da estratégia golpista, teriam ocorrido sem coordenação superior; por outro lado, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, reforçou o pedido de condenação, citando diálogos, registros telefônicos e depoimentos de militares.
Embora autoridades de segurança descartem, até agora, qualquer ligação direta entre o incêndio dos banheiros e o processo em curso no STF, o Planalto determinou monitoramento contínuo da Esplanada, lembrando que equipamentos temporários de saneamento são utilizados por manifestantes em atos de grande porte; a remoção dos sanitários incendiados e a limpeza da área foram concluídas ao fim da tarde.
Crédito Foto: Antonio Cruvinel/Divulgação
Fonte das informações: Agência Brasil