Caminhada da Inclusão mobiliza Bahia contra o capacitismo

A Caminhada da Inclusão reuniu nesta terça-feira (9) centenas de pessoas com deficiência, gestores públicos e organizações civis no Centro Administrativo da Bahia, em Salvador, para exigir políticas eficazes e denunciar o capacitismo durante o Setembro Verde.
O ato percorreu o trecho entre a Assembleia Legislativa e a sede da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos (SJDH), conduzido pela Superintendência dos Direitos da Pessoa com Deficiência (Sudef) e pelo Conselho Estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência (Coede). No microfone, discursos reforçaram que a Bahia abriga 1.093.719 cidadãos com deficiência, contingente que coloca o estado como o quarto mais populoso do país nesse segmento.
À frente da mobilização, o superintendente da Sudef, Marcelo Zig, destacou que o Setembro Verde simboliza “mês de luta” e pediu unidade para derrubar barreiras atitudinais e arquitetônicas. Zig afirmou que a SJDH vem ajustando programas para tornar mais ágeis benefícios, atendimento e acessibilidade em órgãos estaduais, enfatizando que a pauta exige ação permanente, não apenas datas comemorativas.
Presidente do Coede-BA, Sidnei Borges classificou a caminhada como “extremamente positiva” porque levou a pauta PCD a várias secretarias estaduais durante o trajeto. Segundo ele, a visibilidade pública pressiona gestores a tornar universais recursos como vagas em concursos, transporte adaptado e interpretação em Libras, direitos previstos, mas nem sempre cumpridos.
A manifestação contou com caravanas de municípios do interior. Estiveram presentes Associação Fábrica do Ser, Associação Pestalozzi de Sapeaçu, Amigos do Autista de Valença (AMA Valença), Associação de Pais e Mestres Inclusiva de Ipirá (APMI Ipirá), Associação Beneficente Grupo da Esperança (ABGE Ipirá) e o Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência de Ipirá, além da Associação Feirense de Síndrome de Down. Cada entidade levou faixas exigindo inclusão no mercado de trabalho e atendimento especializado na rede de saúde.
No meio do cortejo, o comerciante Antônio Jorge de Jesus empunhava cartaz com foto da filha, Laís, 26 anos, que tem síndrome de Down. Ele relatou que acompanha o movimento todos os anos para “fortalecer a luta de quem mais precisa”, defendendo a ampliação de centros de reabilitação no interior e acesso a cursos profissionalizantes.
A programação do Setembro Verde segue em escolas da capital com o projeto Afrodef e a Cadeira de Som, criado por Marcelo Zig. A iniciativa leva performance musical e roda de conversa sobre capacitismo a estudantes do Colégio Estadual Barros Barreto, em Paripe, usando a cadeira de rodas como palco simbólico para explicar diversidade e respeito.
Para o diretor da unidade, Rui César Cerqueira, a atividade desperta senso de responsabilidade na comunidade escolar. Ele pontuou que palestras sobre direitos PCD ajudam educadores a identificar obstáculos e elaborar estratégias de inclusão em sala, do piso tátil à produção de material em braile.
Alvo da ação pedagógica, o aluno Lucas Querino, 16 anos, avaliou que conhecer a experiência de colegas com deficiência prepara jovens para o mercado de trabalho, onde será necessário colaborar com profissionais PCD. “É fundamental saber se relacionar e garantir que todos participem”, disse, resumindo o impacto do debate.
Além das intervenções culturais, o calendário oficial inclui capacitações para servidores, mutirões de emissão de Passe Livre Intermunicipal e audiências públicas para monitorar o cumprimento da Lei Brasileira de Inclusão. Segundo a SJDH, as propostas debatidas durante a Caminhada da Inclusão serão compiladas em relatório a ser encaminhado ao governo estadual e aos municípios, visando consolidar um plano de metas até 2026.
Crédito Foto: Cleomário Alves/SJDH
Fonte das informações: SECOM – Secretaria de Comunicação Social