Trump e Lula têm conversa amistosa e discutem fim de sobretaxa em ligação

Os presidentes dos Estados Unidos, Donald Trump, e do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, realizaram uma conversa telefônica de aproximadamente 30 minutos na manhã desta segunda-feira (6) que marcou um novo capítulo nas relações bilaterais. O diálogo, iniciado por iniciativa do líder norte-americano, foi descrito por ambas as partes como extremamente positivo e focado principalmente em questões econômicas e comerciais entre as duas maiores democracias do Ocidente.

Tom amistoso e reaproximação estratégica

De acordo com comunicado oficial do Palácio do Planalto, o tom da conversa foi amistoso desde o início. Os dois mandatários relembraram o encontro positivo que tiveram durante a Assembleia Geral das Nações Unidas em Nova York, reforçando a “boa química” identificada na ocasião. A ligação representa um significativo passo na reaproximação entre os dois países após um período de relações mais contidas.

Trump, conhecido por seu estilo direto de comunicação, não economizou elogios ao final do diálogo. Através de sua rede social, o presidente norte-americano declarou: “Esta manhã, tive uma ótima conversa telefônica com o presidente Lula, do Brasil. Discutimos muitos assuntos, mas o foco principal [abrange] a economia e o comércio entre nossos dois países. Gostei da conversa – nossos países se darão muito bem juntos!”.

Questão da sobretaxa dominou agenda comercial

Um dos pontos centrais da discussão, conforme revelado pelo governo brasileiro, foi a solicitação formal de Lula pela retirada da sobretaxa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. Esta medida tarifária, implementada pelo governo norte-americano, tem impactado significativamente as exportações do Brasil para o mercado dos EUA.

Para embasar seu pleito, Lula apresentou dados concretos sobre a relação comercial entre os países. O presidente brasileiro lembrou que o Brasil é um dos apenas três países do G20 com quem os Estados Unidos mantêm superávit na balança de bens e serviços – um argumento econômico estratégico para demonstrar o caráter equilibrado da relação comercial bilateral.

Estrutura para negociações futuras

O diálogo presidencial estabeleceu as bases institucionais para negociações futuras. O presidente Trump designou o secretário de Estado Marco Rubio para liderar as discussões pelo lado norte-americano. Do lado brasileiro, as tratativas serão conduzidas pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, pelo chanceler Mauro Vieira e pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

Esta estrutura de trabalho sugere que ambos os governos levam a sério a possibilidade de avanços concretos nas relações comerciais, indo além da retórica diplomática tradicional. A criação deste canal direto de negociação indica potencial para acordos específicos nas próximas semanas.

Encontros pessoais e agenda internacional

Os dois líderes concordaram em realizar um encontro presencial em um futuro próximo. Lula sugeriu que a reunião possa ocorrer durante a Cúpula da ASEAN (Associação de Nações do Sudeste Asiático), que será realizada na Malásia. Esta escolha é significativa, pois demonstra o interesse brasileiro em participar ativamente de fóruns multilaterais além de seu entorno regional tradicional.

Além disso, o presidente brasileiro reiterou o convite para que Trump participe da COP30, conferência climática das Nações Unidas que será realizada em Belém (PA) em novembro. Lula também se dispôs a viajar aos Estados Unidos para continuar as discussões, demonstrando flexibilidade diplomática.

Significado histórico da relação bilateral

Durante a conversa, Lula ressaltou a importância histórica das relações entre Brasil e Estados Unidos, que completaram 201 anos em 2024. O presidente brasileiro caracterizou o diálogo como uma “oportunidade para a restauração das relações amigáveis entre as duas maiores democracias do Ocidente”, enfatizando o peso estratégico desta parceria no cenário global contemporâneo.

O estabelecimento de uma via direta de comunicação entre os dois presidentes – incluindo a troca de números telefônicos pessoais – simboliza uma nova fase de proximidade entre as lideranças dos dois países. Este canal direto pode facilitar a resolução rápida de questões sensíveis e o alinhamento em temas de interesse mútuo.

Contexto das relações Brasil-EUA

As relações entre Brasil e Estados Unidos têm experimentado altos e baixos nas últimas décadas, variando conforme as orientações políticas dos governos de cada país. A eleição de Lula em 2022 e a expectativa de nova eleição presidencial nos EUA em 2024 criam um cenário complexo para a diplomacia bilateral.

O comércio entre os dois países atingiu US$ 73,9 bilhões em 2023, com os Estados Unidos mantendo superávit comercial de US$ 12,3 bilhões. Os principais produtos exportados pelo Brasil para os EUA incluem:

• Petróleo bruto e derivados
• Aço e produtos siderúrgicos
• Aeronaves e partes
• Produtos químicos orgânicos
• Carne bovina e frango

A sobretaxa de 50% imposta pelos EUA afeta particularmente setores como o aço e o alumínio brasileiros, que enfrentam dificuldades competitivas significativas no mercado norte-americano devido a esta medida.

Próximos passos e expectativas

Com a designação de equipes técnicas específicas para dar sequência às discussões, espera-se que as negociações sobre a sobretaxa e outras questões comerciais avancem rapidamente. O compromisso de novos diálogos e encontros pessoais entre os presidentes sugere que ambos os governos veem potencial concreto para melhorias significativas na relação bilateral.

O resultado desta reaproximação poderá ter impactos importantes não apenas para as economias brasileira e norte-americana, mas também para o equilíbrio geopolítico nas Américas e para a posição de ambos os países no cenário global. A disposição demonstrada por ambas as partes indica que Brasil e Estados Unidos estão prontos para escrever um novo capítulo em sua relação secular.

Foto: Pedro Peduzzi – Repórter da Agência Brasil

Fonte das informações: Feed Últimas