Sanae Takaichi a dois votos de ser 1ª premiê do Japão

Sanae Takaichi obteve nesta terça-feira, 21, o apoio formal do Partido da Inovação (Ishin) e passou a contar com 231 assentos na câmara baixa do Parlamento japonês, apenas dois a menos que a maioria absoluta, cenário que praticamente garante sua eleição na votação de amanhã e a coloca a um passo de se tornar a primeira mulher a ocupar o cargo de primeira-ministra do Japão.

O pacto de coalizão foi firmado em Tóquio com as assinaturas do governador de Osaka, Hirofumi Yoshimura, e do líder parlamentar do Ishin, Fumitake Fujita. Durante a cerimônia, Takaichi destacou que a aliança visa “fortalecer a economia e transformar o país”, enquanto o documento estipula prazos para a implementação de políticas acordadas, incluindo medidas fiscais e reformas institucionais exigidas pelo novo aliado.

A sinalização de um governo disposto a elevar gastos estimulou os mercados: o índice Nikkei encerrou o pregão com alta de 3,4%, e o iene se depreciou frente ao dólar, refletindo a expectativa de maior expansão fiscal. Investidores interpretaram a postura pró-estímulo como um impulso adicional para empresas exportadoras e setores domésticos sensíveis a consumo, reforçando o movimento comprador nas bolsas.

Mesmo que a primeira rodada de votação exija maioria de todos os parlamentares, projeta-se que Takaichi avance ao segundo turno, quando bastará a maioria simples dos votos válidos para confirmar a posse. Para governar com estabilidade, porém, a futura premiê precisará agregar outros blocos oposicionistas, sobretudo para aprovar o orçamento suplementar que seu gabinete pretende apresentar nas próximas semanas.

Em troca do respaldo, o Ishin arrancou compromissos que incluem corte de 10% no número de deputados e suspensão do imposto sobre consumo de alimentos por dois anos. A legenda de direita, que se consolidou como segunda maior força de oposição, também negociou participação em comitês estratégicos, buscando influência direta na formatação de políticas de desregulamentação e descentralização administrativa.

O acordo ocorre dez dias após o colapso da coalizão de 26 anos entre o Partido Liberal Democrata (PLD) e o Komeito. A sigla centrista rompeu com os conservadores ao rejeitar a escolha de Takaichi para liderar o PLD, desencadeando tratativas entre partidos de oposição que ameaçavam deslocar os governistas para fora do poder pela primeira vez em mais de uma década.

A decisão do Ishin de se alinhar ao PLD neutralizou essa possibilidade e isolou outras legendas oposicionistas, que agora terão de decidir se negociam temas pontuais ou permanecem em bloco de resistência. Analistas parlamentares indicam que o apoio do Ishin assegura votos cruciais em comissões, reduzindo o risco de impasses legislativos imediatos, mas não elimina a necessidade de alianças ad hoc.

Takaichi defende pacotes de estímulo e cortes de tributos como forma de proteger famílias do avanço da inflação e, em discursos recentes, criticou a elevação das taxas de juros adotada pelo Banco do Japão. A futura chefe de governo argumenta que aperto monetário prematuro compromete a recuperação pós-pandemia e sinaliza preferência por políticas de crédito farto para impulsionar investimentos privados.

Para Fumika Shimizu, estrategista da Nomura Securities, a combinação de “expansão fiscal e flexibilização monetária” proposta por Takaichi impulsiona as cotações das ações e pressiona o iene, tendência que pode se manter caso o novo gabinete cumpra a promessa de injetar recursos adicionais na economia. Especialistas apontam, contudo, que a disciplina orçamentária defendida pelo Ishin tende a limitar o escopo de gastos, criando um equilíbrio delicado entre estímulo e responsabilidade fiscal.

A votação parlamentar está marcada para amanhã, e, com 231 cadeiras garantidas, Takaichi precisa conquistar apenas dois votos adicionais ou contar com a mecânica do segundo turno para confirmar sua maioria simples. A posse, caso confirmada, representará um marco histórico para a política japonesa e inaugura um ciclo de negociações complexas para consolidar a agenda econômico-social desenhada pela nova coalizão.

Crédito Foto: Wikipedia

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