Polícia Civil prende quinto suspeito por assassinato de ex-delegado-geral em SP
A Polícia Civil de São Paulo realizou, na manhã desta segunda-feira (6), a prisão de mais um suspeito de envolvimento direto no assassinato do ex-delegado-geral da instituição, Ruy Ferraz Fontes. A operação, conduzida pela Secretaria de Segurança Pública do estado, ocorreu na região de Cotia, na Grande São Paulo, e marca um avanço significativo nas investigações do caso que abalou a segurança pública paulista.
O quinto mandado cumprido
Com esta nova prisão, sobe para cinco o número de indivíduos detidos pela Justiça sob acusação de participação no crime. O nome do homem preso não foi divulgado pelas autoridades, que seguem com as investigações em sigilo para não comprometer as próximas etapas da operação. A medida reflete a complexidade do caso e a possibilidade de novas capturas.
O assassinato de Ruy Ferraz Fontes, uma das figuras mais emblemáticas da polícia judiciária paulista, ocorreu no dia 15 de setembro, na cidade de Praia Grande, litoral de São Paulo. O crime foi executado com extrema violência e ousadia, em um bairro central, próximo à prefeitura e ao fórum da cidade, evidenciando um ataque planejado.
A cena do crime: perseguição e execução
Imagens de câmeras de segurança, cruciais para a reconstituição dos fatos, capturaram a sequência brutal do assassinato. As gravações mostram o veículo de Ferraz Fontes em fuga, em alta velocidade, até capotar violentamente entre dois ônibus ao tentar ingressar em uma avenida.
Pouco depois, o carro utilizado pelos perseguidores chega ao local, colide com um dos ônibus e dele descem três homens armados com fuzis. Dois dos atacantes se dirigem ao carro acidentado do ex-delegado e efetuam vários disparos, consumando a execução. Na fuga, os criminosos utilizaram o mesmo caminho da perseguição, demonstrando familiaridade com a região.
Quem foi Ruy Ferraz Fontes: uma trajetória de combate ao crime
Para entender a gravidade do crime, é essencial conhecer a trajetória da vítima. Ruy Ferraz Fontes não era um delegado qualquer. Ele dedicou mais de quatro décadas à Polícia Civil de São Paulo, ocupando postos de alto comando e combate às organizações criminosas mais perigosas do estado.
Sua carreira foi marcada por passagens estratégicas em departamentos de elite:
- DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa): Atuou na Divisão de Homicídios, lidando com casos complexos.
- Denarc (Departamento Estadual de Repressão ao Narcotráfico): Foi titular da 1ª Delegacia de Polícia da Divisão de Investigações Sobre Entorpecentes, na linha de frente do combate ao tráfico.
- Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais): Comandou a 5ª Delegacia de Polícia de Investigações sobre Furtos e Roubos a Bancos.
Em cargos de liderança, Ferraz Fontes foi diretor do DECAP (Departamento de Polícia Judiciária da Capital) e, posteriormente, atingiu o ápice de sua carreira ao se tornar o delegado-geral da Polícia Civil do Estado de São Paulo, cargo que ocupou até 2022.
O histórico de confronto com o PCC
Um dos capítulos mais significativos de sua biografia policial foi o confronto direto com a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). Nos anos 2000, à frente da repressão a roubos a bancos, Ferraz foi responsável pela prisão de importantes lideranças do comando, criando um histórico de antagonismo que é amplamente considerado pela polícia como a motivação central para o seu assassinato.
Após se aposentar da Polícia Civil, ele não se afastou da vida pública. Em janeiro de 2023, assumiu a Secretaria de Administração do município de Praia Grande, integrando a gestão do prefeito Alberto Mourão, posição que mantinha até o momento de sua morte.
Andamento das investigações e próximos passos
As investigações continuam em andamento, e a polícia trabalha com a hipótese de que o crime foi uma retaliação ordenada pelo PCC devido ao passado de Ferraz no combate à facção. A operação policial já havia resultado em outras prisões e, inclusive, na morte de um dos suspeitos em um confronto com a polícia.
A Justiça já emitiu pelo menos oito mandados de prisão relacionados ao caso, indicando a dimensão do grupo investigado. A cada nova prisão, as autoridades esperam fechar o cerco em torno dos mandantes e obter a completa elucidação do homicídio que tirou a vida de um dos policiais mais respeitados de São Paulo.
O caso continua sob a responsabilidade de delegacias especializadas, e novas informações devem ser divulgadas pela Secretaria de Segurança Pública conforme o desenrolar das operações.
Foto: Elaine Patricia Cruz – Repórter da Agência Brasil
Fonte das informações: Feed Últimas





