PEC da Blindagem: ato em Copacabana clama “Sem Anistia”

Milhares de manifestantes ocuparam a faixa de areia da Praia de Copacabana neste domingo (21) para protestar contra a PEC da Blindagem e qualquer possibilidade de anistia aos condenados pelo Supremo Tribunal Federal por participação no golpe de 8 de janeiro, entre eles o ex-presidente Jair Bolsonaro, ex-ministros e aliados.

A Proposta de Emenda à Constituição, aprovada na Câmara dos Deputados na terça-feira 16, submete a abertura de processos criminais contra parlamentares à autorização prévia do Congresso, o que, na avaliação dos organizadores do ato, cria um escudo legal para impedir investigações e responsabilizações. O texto ainda precisa ser analisado pelo Senado.

Concentrados na altura do Posto 5, os participantes entoaram coros como “Sem anistia” e “Viva a democracia” enquanto aguardavam os discursos de lideranças e as apresentações de Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Paulinho da Viola e Djavan, entre outros artistas que se revezaram no palco montado na orla.

Durante a apresentação, Caetano Veloso afirmou que a democracia brasileira “segue viva” e que a cultura permanece “cheia de vitalidade”. Segundo o cantor, é necessário reagir “aos horrores que se insinuam” no ambiente político, reforçando a importância da mobilização popular para proteger as instituições.

Na mesma linha, Gilberto Gil lembrou que o país já enfrentou fases semelhantes de tensão institucional. “Passamos por momentos parecidos, sempre em busca da autonomia, o bem maior do nosso povo”, disse o músico, relacionando o atual debate sobre anistia à trajetória histórica de lutas pela preservação do Estado democrático de direito.

Entre o público, a servidora pública federal aposentada Regina de Brito, 68 anos, chegou cedo para ficar próxima ao palco. Ela recordou ter vivido sob a ditadura militar e criticou a tentativa de anistiar os recém-condenados. Para Regina, o Congresso “não vota pautas de interesse popular” e age em benefício próprio ao alterar regras do foro parlamentar.

O estudante do ensino médio Caio dos Santos, 16 anos, veio de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, acompanhado de colegas da escola. Ele classificou a proposta como “PEC da Bandidagem” e considerou o projeto um “desserviço” à população. Caio contou que usa o conteúdo estudado sobre a ditadura para alertar amigos sobre os riscos de retrocesso democrático.

Também presente, o policial penal aposentado Edson Enio Martins Tonnel, 75 anos, disse temer que o Congresso se transforme em “antro de bandidos” caso a medida avance. Para ele, a aprovação da PEC incentivaria criminosos a disputar cargos eletivos. “Quem depredou Brasília tem que pagar”, declarou, defendendo que o Senado rejeite a emenda.

Da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, a estudante de arquitetura Letícia Rocha, 20 anos, levou uma faixa lembrando a condenação de Bolsonaro. Segundo ela, a sociedade “não pode permitir que a história se repita” e precisa “manter viva a memória” de períodos autoritários para evitar a volta da extrema direita ao poder.

Encerrado ao entardecer, o ato reforçou a pressão sobre o Senado Federal, última etapa de tramitação da emenda. Organizadores anunciaram novas mobilizações caso os senadores não arquem com o compromisso de barrar a proposta e rejeitar qualquer iniciativa de anistiar envolvidos no ataque às instituições democráticas.

Crédito Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Fonte das informações: Agência Brasil

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