Operação Vila do Conde: PF mira 22 líderes do tráfico em SP

A Operação Vila do Conde, deflagrada pela Polícia Federal com apoio da Polícia Militar paulista, cumpriu nesta terça-feira 22 mandados de prisão preventiva e 40 de busca e apreensão contra integrantes de uma organização transnacional responsável pelo tráfico internacional de cocaína e pela lavagem de capitais decorrente desse ilícito.

Os alvos principais concentram-se na cidade de São Paulo, onde pelo menos 11 endereços foram vasculhados. Equipes também atuaram em Guarujá, Leme, Sorocaba, Embu das Artes, Praia Grande e Caieiras, todas no estado, ampliando o cerco às ramificações logísticas que viabilizavam o escoamento da droga rumo ao mercado europeu.

Autorizadas pela 4ª Vara Federal de Belém, as ordens judiciais foram executadas de forma simultânea em São Paulo, Pará, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Goiás, evidenciando a amplitude territorial do esquema. Os investigados, segundo a PF, ocupavam funções que variavam da aquisição da droga até a ocultação dos lucros, passando por transporte, armazenagem e envio para portos estratégicos.

O inquérito teve início em fevereiro de 2021, quando agentes federais interceptaram 458 kg de cocaína escondidos em meio a uma carga de quartzo no Porto de Vila do Conde, em Barcarena (PA). A remessa partiria para o Porto de Rotterdam, na Holanda, rota consolidada para o narcotráfico sul-americano em direção à Europa.

As diligências subsequentes mapearam a estrutura hierárquica da quadrilha e identificaram seus métodos de compartimentação: células especialistas em coleta de grandes volumes de entorpecentes, núcleos encarregados de adulterar cargas lícitas para mascarar o produto ilícito e operadores financeiros dedicados a reinserir o dinheiro obtido no sistema econômico formal.

Para lavar os valores provenientes da venda de cocaína, o grupo mantinha empresas de fachada e investia em segmentos de alta circulação de numerário, como restaurantes e prestadoras de serviços. De acordo com nota da PF, esse braço empresarial simulava faturamentos compatíveis com os ganhos ilícitos, dificultando o rastreamento pelos órgãos de controle.

A Força Integrada de Combate ao Crime Organizado em São Paulo (FICCO-SP) coordenou a fase ostensiva da operação. O colegiado reúne Polícia Federal, Secretaria de Segurança Pública do estado, Secretaria de Administração Penitenciária paulista e Secretaria Nacional de Políticas Penais, garantindo troca de informações em tempo real e alocação conjunta de efetivos especializados.

A Receita Federal também participou da ofensiva, oferecendo suporte de inteligência fiscal para localizar ativos, bloquear movimentações suspeitas e reforçar a coleta de documentos contábeis que subsidiarão a etapa de análise patrimonial. O objetivo é consolidar provas que demonstrem o vínculo entre o capital apreendido e as atividades narcotraficantes.

Segundo a Secretaria de Segurança Pública, a operação conseguiu rastrear toda a malha logística montada pelos investigados para transportar a cocaína até portos brasileiros aptos a despachar contêineres ao Velho Continente. A pasta confirmou que estabelecimento de fachada servia de endereço tributário para a maior parte dos suspeitos, permitindo a abertura de contas bancárias e contratos de prestação de serviços inexistentes.

O trabalho de campo desta terça-feira incluiu a apreensão de documentos, mídias eletrônicas, veículos e quantias em espécie que serão submetidos a perícia. As equipes também recolheram celulares e computadores, considerados cruciais para a extração de conversas, planilhas de contabilidade paralela e registros de transações criptografadas.

Os presos serão encaminhados ao sistema penitenciário federal sob custódia preventiva. Eles poderão responder, a depender da participação individual, pelos crimes de tráfico internacional de drogas, associação para o tráfico e lavagem de dinheiro, cujas penas somadas podem ultrapassar 30 anos de reclusão.

Com a desarticulação do núcleo logístico em São Paulo, a Polícia Federal reforçou que novas fases não estão descartadas. As investigações prosseguem para identificar fornecedores na fronteira e eventuais colaboradores no exterior, especialmente operadores que atuariam nos portos europeus envolvidos na rota, garantindo o envio e recebimento das remessas.

Crédito Foto: Divulgação/Polícia Federal

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