Alckmin classifica conversa entre Lula e Trump como “muito positiva” e vê avanços
O vice-presidente Geraldo Alckmin classificou a conversa telefônica de 30 minutos entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump, realizada nesta segunda-feira (6), como “muito positiva” e expressou otimismo sobre o futuro das relações bilaterais entre Brasil e Estados Unidos. Em declarações à imprensa, Alckmin, que também ocupa o cargo de ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, detalhou os principais pontos abordados na histórica ligação.
Troca de telefones e designação de interlocutor
Um dos aspectos mais significativos revelados por Alckmin foi a troca de números de telefones pessoais entre os dois mandatários. Esse gesto, simbólico na diplomacia internacional, indica uma abertura para um canal direto de comunicação, potencialmente agilizando a resolução de questões urgentes. Além disso, o vice-presidente ratificou que Donald Trump designou formalmente o Secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, como o principal interlocutor para tratar dos assuntos bilaterais daqui para frente.
Contexto das relações Brasil-EUA
O diálogo ocorre em um momento crucial para as relações económicas entre as duas maiores economias das Américas. Nos últimos anos, a parceria enfrentou desafios, incluindo a imposição de tarifas comerciais pelos Estados Unidos sobre uma gama de produtos brasileiros, como aço e alumínio – medidas frequentemente referidas no Brasil como “tarifaço”. Estas tarifas impactaram diretamente as exportações nacionais, criando uma necessidade premente de reabertura de negociações. O governo brasileiro defende que tais medidas são prejudiciais para ambos os países, restringindo o fluxo comercial e investimentos recíprocos.
Abordagem de Lula: diálogo e contestação de sanções
Segundo o relato de Alckmin, o presidente Lula destacou durante a conversa a disposição do Brasil para o diálogo e a negociação construtiva. No entanto, também adotou uma posição firme ao questionar a justiça de sanções impostas pelo governo norte-americano contra autoridades brasileiras. Lula defendeu que o tema deve ser rediscutido, buscando um entendimento mais equilibrado. A abordagem do presidente brasileiro combinou abertura para conversas com uma defesa clara dos interesses nacionais.
Perspectivas futuras e o princípio “ganha-ganha”
O vice-presidente foi enfático ao expressar otimismo, afirmando que a conversa foi “melhor até do que esperávamos” e que deve render desdobramentos positivos. A expectativa do governo brasileiro é avançar para um cenário de “ganha-ganha”, uma expressão comum em negociações que denota um benefício mútuo. Alckmin visualiza uma relação fortalecida com aumento de investimentos recíprocos e, principalmente, a resolução da espinhosa questão tarifária que tem sido um entrave comercial.
Próximos passos e paciência diplomática
Apesar do tom positivo, Alckmin manteve uma postura realista, salientando que é necessário “aguardar” os próximos passos. Ele deixou claro que, no momento, não há uma nova reunião formal agendada entre representantes dos dois governos. Isso sugere que os desdobramentos imediatos devem ocorrer através dos canais diplomáticos estabelecidos, com o Secretário Marco Rubio atuando como ponte principal. A paciência é um componente chave na diplomacia, e o governo brasileiro demonstrou estar disposto a aguardar o desenvolvimento natural dessas tratativas.
Implicações para o comércio e a indústria brasileira
Um eventual equacionamento da questão tarifária teria impactos profundos e imediatos na economia brasileira. Setores industriais importantes, como o siderúrgico e o de agronegócio, seriam os primeiros a se beneficiar com a redução ou eliminação dessas barreiras, recuperando competitividade no mercado norte-americano. Por outro lado, um clima de cooperação ampliada pode atrair novos investimentos americanos para o Brasil em áreas como tecnologia, infraestrutura e energia, impulsionando o desenvolvimento económico e a criação de empregos.
Em suma, a conversa entre Lula e Trump, mediada pelas declarações otimistas de Alckmin, marca um potencial reinício nas relações Brasil-EUA. O estabelecimento de um canal direto entre os presidentes e a designação de um interlocutor de alto nível apontam para um caminho de diálogo, mesmo que os desafios comerciais concretos ainda exijam tempo e negociação persistente para serem totalmente resolvidos.
Foto: Luiz Cláudio Ferreira – Repórter da Agência Brasil
Fonte das informações: Feed Últimas





